sábado, 16 de maio de 2009

Origem da Contabilidade

Origem da Contabilidade

Por Yumara Lúcia Vasconcelos

A Contabilidade teve origem na pré-história, antes que o homem desenvolvesse a escrita e o cálculo. O homem, pressionado por suas necessidades, criou uma sistemática de registro valendo-se dos recursos e conhecimentos disponíveis na época.

O zelo pelo patrimônio (na verdade, pelas ‘utilidades’) já suscitava preocupações, motivadas pela necessidade de sobrevivência.

A pré-história foi um período de descoberta, adaptação e aprendizado.

O homem reconhecia e explorava seu ambiente, organizando suas impressões para responder aos desafios impostos e sobreviver – FASE DO EMPIRISMO PRIMITIVO.

Com o aquecimento da terra, verificado no período mesolítico, o homem mudou gradativamente sua condição de nômade para sedentário, assentando-se e locais que viabilizavam sua sobrevivência, que se dava às custas da coleta de frutos, pesca e caça. Por esta razão o homem privilegiava as áreas próximas as nascentes.

Na medida que reconhecia suas necessidades e o ambiente, criava soluções práticas para atendê-las.

Apesar de primitiva, a civilização já contava com a indústria de instrumentos. O homem primitivo fabricava os artefatos utilizados na caça, pesca e coleta.

A crescente complexidade das relações ensejou a necessidade de controle, por meio das inscrições (memória contábil).

O excedente coletado era guardado (noção de estoque) ou trocado por outras utilidades.

O homem aprimorava a comunicação e relações sociais.

Sá (p.17,1998) ressalta:

“A qualidade e a quantidade das reservas de utilidades, quer de caça, quer de colheitas, foram elementos que o homem notou como algo distinto, como conquista de seu trabalho.”

O autor explica:

“Essa observação empírica produziu, também, a idéia originária de coisa que se pode dispor para obter-se utilidade, como meio apto para suprir necessidades, ou seja, o ‘patrimônio’..” (SÁ,p.18,1998)

A riqueza era evidenciada por meio da arte, como evidencia as inscrições nas paredes das grutas e pedaços de ossos.

Os registros eram extremamente simples: o desenho do animal ou coisa correspondia a natureza da utilidade (item do patrimônio) e os riscos representavam a quantidade.

O homem primitivo evidenciava nas contas qualidade e quantidade, sendo a qualidade a natureza do bem conquistado e guardado.


Conta primitiva

Qualidade (natureza da utilidade)

Quantidade (riscos)

Alguns denominam a evidenciação acima de PRÉ-CONTA.

Com o passar do tempo as inscrições ganharam maior complexidade, forçando o homem a refinar o seu modo de registro, fazendo-o migrar da arte para a técnica.

Sá (p.19,1998) conta-nos que:

“Há mais de 6000 anos o comércio já era intenso, o controle religioso sobre o estado já era grande e poderoso, daí derivando grande quantidade de fatos a registrar, ensejando, também, o desenvolvimento da escrita contábil.”

O homem registrava o que tinha, gastava e produzia. Desenvolveu progressivamente noção de ‘custo’ e ‘orçamento’ (como forma de antecipar a necessidade).

Os anos passaram e o modus de registro ganhava refinamento, como extensão da racionalidade conquistada na Antiguidade.

“O ‘meu’ e o ‘seu’ deram, origem a registros especiais de ‘débito’ (o que alguém tem que me pagar) e ‘crédito’ (o que eu devo pagar a alguém).”. (SÁ, p.19, 1998)

Na idade Média o método contábil foi sistematizado, ganhando rigor lógico.

Segundo Schimidt (p.25, 2000)

“Pesquisas sobre a origem das técnicas de escrituração contábil transportam para o período entre os séculos XII e XIII, no norte da Itália, quando ocorreram as primeiras manifestações práticas do uso do sistema de partidas dobradas em empresas. Após essas primeiras práticas contábeis é que seu uso generalizado por toda a Europa.”

O autor complementa:

“Cidades como Florença e Gênova, entre outros centros comerciais, também desenvolveram o sistema de partidas dobradas, independentes do sistema veneziano apresentado por Pacioli.” (SCHIMIDT, p.25, 2000)

O refinamento do sistema contábil de partidas dobradas teve duas grandes motivações:

  • o desenvolvimento econômico verificado em Gênova, Veneza e Florença, que eram os grandes centros comerciais da época;
  • o aprimoramento da tecnologia de impressão de livros na alemanha e sua veloz disseminação nesses grandes centros.

Com o advento do renascimento e do capitalismo, novas condições sociais foram criadas, abrindo espaço para que bens e riquezas fossem acumulados por mais pessoas, ratificando a importância do método contábil para fins de controle e gestão.

REFERÊNCIAS

SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1998.

SCHIMIDT, Paulo. História do pensamento contábil. Porto Alegre: Bookman, 2000.

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